
O primeiro caso publicado pelo Dr. Alzheimer
10 de setembro de 2020Era uma segunda-feira, 25 de novembro de 1901, quando o Dr. Alois Alzheimer começou a acompanhar a Sra. Auguste Deter no hospital psiquiátrico em Frankfurt na Alemanha. Ela havia sido levada à consulta pelo seu marido porque vinha apresentando esquecimentos, trocava nomes de objetos, se atrapalhava para usar talheres e apresentava crises frequentes de agressividade.
Quando a paciente faleceu em 1906, o Dr. Alzheimer resolveu estudar seu cérebro. No mesmo ano, apresentou seu caso e os achados microscópicos em um congresso médico, e no ano seguinte, publicou seus achados em uma revista médica. Em 1910, seu chefe – o Dr Emil Krepelin – publicou uma nova edição do seu tratado de Psiquiatria, onde mencionou uma doença rara recentemente descrita, a doença de Alzheimer.
A ideia de que era uma condição rara persistiu até 1968, quando três médicos ingleses, fazendo um estudo post morten de pacientes com demência, observaram que os achados mais comuns nos cérebros destes pacientes era a doença descrita por Alzheimer em 1907. Até então, acreditava-se que a principal causa de demência era a aterosclerose. No ano seguinte, os três pesquisadores repetiram o estudo e confirmaram seus achados: a causa mais comum de demência era a doença de Alzheimer.
A partir daí, as pesquisas cresceram exponencialmente. Em meados da década de 70, o Dr Katzman fez uma previsão de que, com o envelhecimento da população, em poucas décadas a doença de Alzheimer seria uma condição muito frequente, com grande impacto para a saúde pública.
Alguns anos depois, descobriu-se que os pacientes tinham concentrações menores de acetil-colina no cérebro, um neurotransmissor muito importante para a memória. Começou-se então a estudar maneiras de restaurar os níveis dessa substância no cérebro. Em 1993, a primeira medicação para tratar os sintomas cognitivos da doença de Alzheimer foi aprovada pelo FDA. As medicações atualmente disponíveis foram aprovadas para uso a partir do final dos anos 90 e início deste século.
Nos últimos anos, grande esforço tem sido realizado para que o diagnóstico seja feito o mais cedo possível. Os critérios publicados mais recentemente incluíram biomarcadores no liquor e no PET scan para o diagnóstico da doença, diminuindo a dependência dos sintomas clínicos.
Enquanto no passado a doença de Alzheimer era vista apenas como uma demência, hoje sabemos que ela começa a se instalar muitos anos antes dos primeiros sintomas, o que abre uma janela para tratamentos que impeçam sua progressão e mantenham os pacientes cognitivamente saudáveis. Muitas pesquisas têm explorado também potenciais estratégias de prevenção e apoiado a hipótese de que é possível reduzir a prevalência da doença.